"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

22 dezembro, 2005

Recreio - Ana Hickmann

O Bicho

O bicho

Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel de Carneiro Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, em 19 de abril de 1886. Ainda jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez seus estudos secundários. Acometido por tuberculose e desenganado várias vezes pelos médicos, iniciou uma peregrinação pelas melhores casas de saúde do Brasil e da Europa. Buscou na própria vida inspiração para seus grandes temas: a família, a morte, a infância no Recife, o rio Capibaribe, os carregadores de feira livre, os pobres meninos carvoeiros...

21 dezembro, 2005

Universos Públicos

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Qualquer que seja a área de conhecimento, biomédicas, exatas ou humanas, é imprescindível, prioritário e indispensável, a existência de profissionais formados em instituições de ensino superior que atendam os requisitos mínimos relacionados ao ensino, pesquisa e extensão. Somente através da pesquisa, da produção científica, uma instituição de ensino superior (IES) pode ser considerada como tal. Caso contrário, torna-se uma fábrica de diplomas e de profissionais rasteiros, sem a formação e competência necessárias para servir a sociedade.
No Brasil, somente 10,4% dos seus jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. Apenas 22% dos alunos terminam o ensino médio na idade certa (Jornal Estado de S.Paulo, p. A25, 17/12/2005). O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no Congresso em 2001, indica uma meta de 30% para o ano de 2011. Dificilmente atingiremos esta meta, por várias razões. Dentre elas, o processo de sucateamento e precarização iniciados nos anos de 1990, nas IES públicas, em especial nas federais.
Progressivamente, os recursos reduziram-se; o contrato de trabalho dos seus servidores precarizou-se. Custeio e investimentos tornaram-se um pesadelo para os seus reitores. Obviamente, entraram em cena, os movimentos de resistência. Greves pós greves, o sistema perdeu a sua homeostase. Instáveis, desmotivados e sem perspectivas, as IES federais entraram em colapso, no terreno das incertezas.
Apesar de tudo e daqueles, as IES federais respondem por 80% da produção científica no país. Com o seu processo de desestruturação, a nossa ciência e tecnologia perderam terreno relativo ao paradigma diferencial nos tempos atuais: o conhecimento como ponto de equilíbrio, sobrevivência e sustentabilidade de qualquer país.
Todos nós perdemos, quiçá nosso netos. As greves não causam mais indignação. Banalizaram-se como na educação básica. Entretanto, permitem que o sistema universitário público continue respirando.
Lamentável. A educação pública em nosso país, em vez de solução, tornou-se um problema: vítima e refém da falta de um projeto para o país.

13 dezembro, 2005

Feliz Natal sem renda

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, em 70 municípios de nove regiões metropolitanas do país, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, revelou que 66% dos entrevistados não receberão o 13º salário e 32% não pretendem fazer compras neste natal – na faixa acima de 60 anos, 52% (Jornal Folha de S.Paulo, 09/12/05).
Entre as prováveis causas, a informalidade na economia e a redução da renda média do trabalhador. A primeira, explica a ausência do 13º salário e a segunda, a retração nas vendas no comércio.
Um natal sem comemoração para uma parcela significativa da população. Tempos difíceis. Acreditem, nem a ampliação do crediário cabe mais no orçamento do brasileiro.
Feliz 2006. IPVA, seguros, IPTU, mensalidade escolar, entre outros, aguardam-nos, com percentuais de reajustes acima da inflação.
Juros, metas de inflação, superávit, carga tributária, foram os personagens do espetáculo do crescimento (dos banqueiros).
Clamam pelo crescimento do país. Exportar é o que importa. A balança comercial pesa pelos agronegócios. Nossa ciência e tecnologia atrofiam-se a cada inverno. O país é rico pois tornamo-nos pobres. Sem alternativas, estamos patinando nas pistas da globalização.
Resta-nos, diante de uma conjuntura hostil, descobrirmos alternativas para o presente. Um pouco mais de coragem, ousadia e lucidez. Feliz Natal!

05 dezembro, 2005

Natação Masters

Por Eduardo Macedo de Oliveira


No início do mês de dezembro, foi realizado mais um encontro festivo com a presença de 400 atletas de todas as idades (de 20 a 92 anos), o Campeonato Mineiro de Natação Masters. Uberlândia esteve muito bem representada pelo Praia Clube e Uberlândia Tênis Clube.
Nas modernas piscinas do Praia Clube, destacou-se uma legião de eternos nadadores, velozes e resistentes, jovens de todas as idades, pertencentes a uma só família.
Nas piscinas da vida, praticam o nado da amizade, do bem-estar, da superação. Suas braçadas revelam a alegria de sua performances, suas pernadas, a propulsão para um vida melhor.
A água é nossa amiga, é democrática. Aprendemos a dominá-la, tornando-nos livres. Descobrimos uma nova vida.
Aquáticos por natureza ou opção, compartilham a alegria de uma vida saudável ( e preventiva).
Parabenizo a todos participantes e o Praia Clube por ter sediado o evento. Os nadadores masters seguem em comunhão, pelas raias da amizade, neutralizando o sedentarismo das emoções.
Que a família masters de natação possa ser ampliada cada vez mais. Continuem com a sua magia, como exemplos de si mesmos.
Rendo-lhes uma homenagem. Entre outros e em nome de todos vocês, destaco os eternos nadadores, Roberto Canto, Luís Marchiori, Ivo Lanni, João Cleber, a família Piccigueli, Alberto Macheroni, Alcântara, D. Neguita, Rodrigo Queiroz, os meus ex-alunos. Nossa tradição iniciou-se através da D. Olésia (Praia Clube) e Prof. Mário Godoy Castanho (UTC), os precursores da natação uberlandense.
Tenham certeza, que lá do céu, a Cilene Abalém continua torcendo por vocês. Saudações aquáticas.

Retratos do Brasil

Por Eduardo Macedo de Oliveira

Em 1980, a média de expectativa de vida dos brasileiros era de 62,6 anos. Em 2004, 71,7 anos (75,5 – mulheres / 67,9 – homens ). Segundo o IBGE, uma das causas principais desta evolução é a queda da taxa de mortalidade infantil. A proporção de mortes de bebês até um ano de idade foi 26,6 por mil no ano passado e, em 1980, era de 69,1.
As metas do milênio da ONU (estabelecidas em 2000) apontam para o Brasil, em 2015, o compromisso em reduzir ao patamar de 15,6 por mil bebês. Pelas projeções do IBGE, em 2015, o país terá uma taxa de 18,2 por mil. Temos, portanto, que acelerar a queda.
Num ranking de 192 países (onde há indicadores disponíveis) o Brasil ocupa a 82ª e 99ª posições em expectativa de vida e mortalidade infantil, respectivamente.
A falta de acesso à água, ao saneamento básico, à educação, à saúde e a miséria, a desnutrição, entre outras, são as principais causas da mortalidade infantil.
Expectativa de vida e mortalidade infantil, duas realidades que revelam o retrato de um país. Somos ricos economicamente, produzimos riquezas, mas nossa dívida social continua, insuportavelmente, presente.
Em tempo, em 1980, a mulher brasileira vivia 6,1 anos a mais do que os homens. Em 2004, essa diferença aumentou para 7,6 anos.