"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

21 dezembro, 2005

Universos Públicos

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Qualquer que seja a área de conhecimento, biomédicas, exatas ou humanas, é imprescindível, prioritário e indispensável, a existência de profissionais formados em instituições de ensino superior que atendam os requisitos mínimos relacionados ao ensino, pesquisa e extensão. Somente através da pesquisa, da produção científica, uma instituição de ensino superior (IES) pode ser considerada como tal. Caso contrário, torna-se uma fábrica de diplomas e de profissionais rasteiros, sem a formação e competência necessárias para servir a sociedade.
No Brasil, somente 10,4% dos seus jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. Apenas 22% dos alunos terminam o ensino médio na idade certa (Jornal Estado de S.Paulo, p. A25, 17/12/2005). O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no Congresso em 2001, indica uma meta de 30% para o ano de 2011. Dificilmente atingiremos esta meta, por várias razões. Dentre elas, o processo de sucateamento e precarização iniciados nos anos de 1990, nas IES públicas, em especial nas federais.
Progressivamente, os recursos reduziram-se; o contrato de trabalho dos seus servidores precarizou-se. Custeio e investimentos tornaram-se um pesadelo para os seus reitores. Obviamente, entraram em cena, os movimentos de resistência. Greves pós greves, o sistema perdeu a sua homeostase. Instáveis, desmotivados e sem perspectivas, as IES federais entraram em colapso, no terreno das incertezas.
Apesar de tudo e daqueles, as IES federais respondem por 80% da produção científica no país. Com o seu processo de desestruturação, a nossa ciência e tecnologia perderam terreno relativo ao paradigma diferencial nos tempos atuais: o conhecimento como ponto de equilíbrio, sobrevivência e sustentabilidade de qualquer país.
Todos nós perdemos, quiçá nosso netos. As greves não causam mais indignação. Banalizaram-se como na educação básica. Entretanto, permitem que o sistema universitário público continue respirando.
Lamentável. A educação pública em nosso país, em vez de solução, tornou-se um problema: vítima e refém da falta de um projeto para o país.