"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

14 novembro, 2005

Votos de 2006

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Estamos próximos de outra eleição. Em 2006, votaremos em candidatos para os poderes legislativo e executivo. Até lá, em razão dos atuais escândalos políticos, os futuros candidatos percorrerão uma trajetória imprevisível, repleta de desprezo, desconfiança e indignação por parte do eleitorado. Será uma incógnita.
Faz-se necessário alguma perguntas: o que motiva uma pessoa a pleitear um cargo no legislativo ou executivo? Qual dos poderes é mais sedutor? Como será o financiamento das campanhas? Os eleitores continuarão sendo seduzidos pelas promessas e armadilhas criadas pelo marqueteiros? Serão eleitos, de fato; os mais preparados e honestos? Persistirão os aluguéis de partidos (ou vice-versa)?
Enfim, surgem a cada voto, novas decepções (e incertezas). A democracia é desconstruída a cada mandato, a banalização da política a torna rasteira, acessória e estéril.
Enquanto isto, a desmobilização e refluxo das comunidades e movimentos sociais criam uma situação fértil para a hegemonia dos interesses privados em detrimento dos interesses públicos.
A autonomia entre os poderes dá lugar ao fisiologismo, à negociata, ao toma-lá-da-cá.
A crise (que tornou-se crônica) e as demandas sociais, crescentes e dramáticas, exigem uma mudança radical no trato da coisa pública. Reconfigurar o sistema político, eleitoral e partidário, torna-se uma tarefa inadiável. Paradoxalmente, governar ou legislar, tornaram-se tarefas relativamente fáceis, em razão da pulverização da capacidade de organização e mobilização daquelas camadas sociais que poderiam efetivamente pressionar os poderes na defesa de seus direitos e dignidade.
Apesar de tudo e de todos, temos que ser otimistas. A democracia em nosso país é um processo recente, comparado aos demais países. Ainda vamos ralar por muito tempo. O problema será a tolerância das futuras gerações.