Votos de 2006
Por Eduardo Macedo de Oliveira
Estamos próximos de outra eleição. Em 2006, votaremos em candidatos para os poderes legislativo e executivo. Até lá, em razão dos atuais escândalos políticos, os futuros candidatos percorrerão uma trajetória imprevisível, repleta de desprezo, desconfiança e indignação por parte do eleitorado. Será uma incógnita.
Faz-se necessário alguma perguntas: o que motiva uma pessoa a pleitear um cargo no legislativo ou executivo? Qual dos poderes é mais sedutor? Como será o financiamento das campanhas? Os eleitores continuarão sendo seduzidos pelas promessas e armadilhas criadas pelo marqueteiros? Serão eleitos, de fato; os mais preparados e honestos? Persistirão os aluguéis de partidos (ou vice-versa)?
Enfim, surgem a cada voto, novas decepções (e incertezas). A democracia é desconstruída a cada mandato, a banalização da política a torna rasteira, acessória e estéril.
Enquanto isto, a desmobilização e refluxo das comunidades e movimentos sociais criam uma situação fértil para a hegemonia dos interesses privados em detrimento dos interesses públicos.
A autonomia entre os poderes dá lugar ao fisiologismo, à negociata, ao toma-lá-da-cá.
A crise (que tornou-se crônica) e as demandas sociais, crescentes e dramáticas, exigem uma mudança radical no trato da coisa pública. Reconfigurar o sistema político, eleitoral e partidário, torna-se uma tarefa inadiável. Paradoxalmente, governar ou legislar, tornaram-se tarefas relativamente fáceis, em razão da pulverização da capacidade de organização e mobilização daquelas camadas sociais que poderiam efetivamente pressionar os poderes na defesa de seus direitos e dignidade.
Apesar de tudo e de todos, temos que ser otimistas. A democracia em nosso país é um processo recente, comparado aos demais países. Ainda vamos ralar por muito tempo. O problema será a tolerância das futuras gerações.
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