"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

27 julho, 2006

Consumo inconsequente

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Notícias veiculadas no jornal Estado de S.Paulo (p. C6, 26/07/06): "Seca deixa 252 cidades do Sul em emergência"; "Cidades do interior paulista já adotam racionamento de água". Em pleno inverno, além da estiagem, observa-se temperaturas incomuns para esta época do ano.
Enquanto isto, em Uberlândia, permanece o uso irracional e inconseqüente da água tratada. Basta notar, diariamente e pelas manhãs, por exemplo, pessoas com mangueiras usando a água tratada para "varrer" os resíduos e/ou lavando carros sem aquele dispositivo que bloqueia a vazão quando necessário.
Em outras oportunidades, no Jornal Correio, tive a oportunidade de tratar sobre o tema, alertando que não existe uma política implantada pelo poder executivo (leia-se DMAE) no intuito de conscientizar, educar e sensibilizar permanentemente a população quanto ao uso racional da água. Aquele mote da SABESP (São Paulo) é elucidativo e genial: "usar bem é fácil, o difícil é ficar sem".
O uso racional da água independe das estações do ano. Nossa cidade, com uma expansão anual em torno de 5%, terá uma demanda de consumo (ou desperdício) crescente. De outro lado, as condições climáticas irregulares, os recursos hídricos cada vez mais deficientes, indica, a cada ano, que a oferta diminuirá substancialmente, ao contrário do consumo.
Não temos outra saída. Água é vida, é sustentabilidade. A educação em relação ao consumo de água deverá ser contundente, massiva e permanente, seja para os consumidores residenciais, comerciais ou industriais. Além disto, ações para o combate dos vazamentos ocultos na rede de abastecimento é necessária e salutar, pois, com certeza, representa também um percentual significativo de desperdício. Soma-se a proteção das matas ciliares e às nascentes dos nossos rios.
O assunto é sério, é uma questão de segurança social. Imaginem uma cidade, como a nossa, com falta de água ou com necessidade de racionamento. Assumir ações educativas, em todos âmbitos e níveis, será infinitamente menos oneroso do que as conseqüências provocadas pela incapacidade de fornecimento de água para população.

24 julho, 2006

Gordura TRANS

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Na década de 80, a gordura trans, produzida a partir da solidificação de óleos vegetais, um processo químico chamado hidrogenização, começou a ser utilizado em larga escala pela indústria para deixar os alimentos mais saborosos, duradouros e com melhor consistência.
Até então, era tida como uma opção mais saudável à gordura saturada, abundante em carnes vermelhas, leites e ovos. Nos anos 90, começam a surgir os primeiros estudos sobre os malefícios desta substância, em especial, os que relacionavam o seu consumo a problemas cardiovasculares.
Ao contrário do que se pensava, a gordura trans não traz nenhum benefício. Além de aumentar o colesterol ruim (LDL), como a gordura saturada, ela diminui o bom (HDL). Ela não deve representar mais do que 1% das calorias diárias ingeridas. Como exemplo, numa dieta de 2000 calorias diárias, 2,2 g ; presentes em quatro biscoitos recheados ou numa porção de batata frita de fast-food.
A gordura trans está ao lado de outros inimigos do organismo como a gordura saturada (produtos de origem animal e vegetal) e o colesterol, produzido pelo nosso organismo (também presente em produtos de origem animal).
A partir de agosto, a ANVISA (Agência brasileira de vigilância sanitária) exigirá aos fabricantes de alimentos industrializados a identificar e discriminar no rótulo dos seus produtos a quantidade de gordura contida neles.
A combinação sedentarismo com uma alimentação inadequada, gera doenças como a obesidade e as cardiovasculares, cada vez mais precoces.
Precisamos, urgentemente, implementar políticas públicas objetivando educar e sensibilizar a população com programas massivos e permanentes de informação e conscientização sobre cuidados e prevenção.
Por outro lado, os meios de comunicação não podem ficar reféns de interesses comerciais. Anúncios de alimentos comprovadamente contra-indicados deveriam ser evitados.
Mas nada substitui a educação, cada dia mais deseducada em nosso país.
Para finalizar, a questão fundamental refere-se à freqüência da ingestão de alimentos inadequados. O que vale é o dia-a-dia. O fast-food, por exemplo, não é proibido, desde que não seja freqüente. Alimentar também é um ato de prazer, afinal somos seres humanos!

12 julho, 2006

Mestre José Olympio

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Conhecer pessoas, além de uma necessidade, pode-se tornar um privilégio, uma grata descoberta. Em nossas vidas, inicialmente, conhecemos aqueles mais próximos, nossos familiares. Com o passar do tempo, conseqüência das nossas amplas e diversas relações sociais, descobrimos pessoas consideradas notáveis, brilhantes, especiais e extraordinárias, dotadas de uma distinta bagagem pessoal, cultural e profissional, de uma refinada e indescritível educação, humildade, senso de humor, sensatez e coerência.
Com as mesmas, temos a oportunidade de compartilhar a vida, as experiências, temores, anseios e projetos de vida. Quem dera, cada um de nós, tivéssemos a oportunidade de relacionarmos com pessoas que nos façam crescer e amadurecer, que nos motivam para reflexões maduras e sensatas.
Entre outras, tive a oportunidade de conhecer o José Olympio de Freitas Azevedo. Médico, educador, professor, cidadão, enfim, um notável ser humano, verdadeiro mestre.
Fundador e diretor da então Fundação Escola de Medicina e Cirurgia de Uberlândia, hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU), graduado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade Brasil, hoje Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ), a amizade com o mestre José Olympio despertou-me uma empatia, consideração e respeito.
Brilhante como seus irmãos, Afranio, Marta, Mário Augusto e Chico Humberto, mestre José Olympio é portador de uma rara visão e sensibilidade. Médico, contribuiu para uma melhor qualidade de vida de incontáveis pacientes e, visionário e ousado, projetou aquela que seria considerada um patrimônio da cidade: a escola de medicina. Plantou a semente, e dirigiu com abnegação e dedicação, por vários anos, a referida instituição.
Num momento, em que o país torna-se um deserto de homens, em especial, na esfera pública, conhecer o mestre José Olympio, é uma prova, esperança e motivação, que temos boas e necessárias pessoas para conhecermos. Quem dera, vários olympios estivessem a frente dos projetos e instituições nacionais. Estamos perdendo terreno para a mediocridade, a banalização e a escassez, de valores, de referências e lideranças.
Mestre José Olympio, rendo-lhe uma justa e necessária homenagem. Obrigado pela ousadia, iniciativa e amizade. Se Uberlândia é grande, é porque tivemos gigantes, e, o senhor, é um deles!