"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

22 maio, 2006

A arte da guerra [!?]

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Em 2002, a seleção brasileira sagrou-se campeã da copa. O técnico da equipe, Luiz Felipe Scolari, disse naquela ocasião, que uma das suas inspirações originava-se da leitura do livro "A arte da guerra", escrito há 2.500 anos pelo filósofo chinês Sun Tzu. Em 2006, o referido livro também inspirou o detento, Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo Marcola, 38 anos e líder máximo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ambos, Felipão e Marcola, assimilaram o ensinamento máximo da obra: "para derrotar um inimigo, é preciso conhecê-lo". O primeiro (e seus jogadores) parou o país, em razão das comemorações, o segundo (e seus seguidores), através da violência, parou literalmente, a maior e mais rica capital do país. Um trouxe alegrias e felicidades à população, outro, ao contrário, liderou o terror, o pânico e o medo.
Coincidentemente, estamos próximos de mais uma copa.
A demonstração do poder do crime organizado revelou a fragilidade e vulnerabilidade dos aparelhos estatais e suas instituições. Constatamos nas telas da TV e páginas dos jornais, a violação do estado de direito, pois a maioria dos mortos eram suspeitos.
Foi um golpe duro para todos nós. A ferida foi aberta e tão logo será cicatrizada. Não bastassem os malfeitores do andar de cima, teremos que conviver com uma guerra civil, antes restrita aos guetos, e agora, ampla, geral e irrestrita.
Pesquisa realizada pela Instituto Paulo Montenegro (IPM), braço social do IBOPE, a pedido da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel de Amparo ao Preso (FUNAP), entidade do governo do Estado de São Paulo, revela que 76% dos presos paulistas têm nível básico ou pleno em competências de leitura e escrita, desempenho superior a média da população brasileira, 64% e da região sudeste, 69%.
Além da leitura e escrita, contam com celulares, uma combinação perfeita!

15 maio, 2006

Conjuntura Brasil

Por Eduardo Macedo de Oliveira


A análise de conjuntura, uma reflexão pontual sobre o Brasil, tornou-se uma tarefa emergente, inadiável e indispensável. Contudo, a cada primavera, torna-se cada vez mais difícil exercitá-la, pois entender o que se passa em nosso país, num momento em que estamos estupefatos e paradoxalmente, letárgicos, é uma tarefa penosa, exigente e repleta de armadilhas.
A sucessão de escândalos, malversações, intrigas, o ano eleitoral, a vulnerabilidade econômica, a falta de projetos (ou alternativas), sobrepondo-se, obscurecem ainda mais o nebuloso tabuleiro da nação e instituições.
Temos de tomar decisões importantes, mas a cada acontecimento, vimo-nos desnorteados e dispersos. A velocidade dos problemas supera a das soluções.
Temos em mente um projeto de país, mas parece que quanto mais o almejamos, mais distante ele se encontra.
Temos que mudar as rotas (e o roteiro!), senão os custos e as conseqüências serão altíssimos. O mundo globalizado e complexo, exige-nos clareza e determinação, caso contrário, seremos engolidos pela atraso, pela dependência e principalmente, pela devastação, violência e a marginalidade.
Enfim, temos que consertar a "máquina" em movimento. O restabelecimento do pacto federativo, a sinergia entre os poderes, a crença nas instituições e a grandeza política, são fatores essenciais para a reconstrução do nosso país.
Vamos Brasil! Chegou o seu momento.

02 maio, 2006

Chernobyl, 20 anos

Por Eduardo Macedo de Oliveira

No dia 26 de abril de 1986, durante a primavera russa, ocorreu o maior desastre nuclear da História, na Usina de Chernobyl, localizada a menos de 100 quilômetros de Kiev, capital da ex-república soviética Ucrânia (hoje, um país independente).
A explosão do seu reator número 4, espalhou uma poeira radiativa, afetando a população, o ambiente e demais seres vivos, não somente da Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia, mas atingindo também certas regiões européias. As conseqüências e gravidade deste desastre são imensuráveis e estão longe do fim. O desafio de voltar dar vida no local levará décadas e custará bilhões de dólares.
Uma série de falhas antes, durante e depois do desastre, possibilitaram não somente a ocorrência do mesmo, mas potencializaram os efeitos nocivos da radiação, principalmente da população residente próxima à usina. Alguns dias depois do acidente, o governo russo assegurava que não havia risco, comprovando como foram desastrosas as medidas políticas para lidar com a catástrofe.
Após a evacuação tardia da população afetada, num raio de 30 quilômetros do epicentro, os efeitos da radiação já tinham sido estabelecidos em milhares de habitantes. Os militares e operários que atuaram na usina, após o acidente, para contenção do incêndio e a construção da blindagem do reator, morreram ou adquiriram doenças graves. Chernobyl expulsou de suas proximidades cerca de 200 mil habitantes que até 1986 residiam no local.
Um recente estudo do Ministério da Saúde da Ucrânia, anunciou que 2,3 milhões de pessoas em 8 cidades e espalhadas por 2,1 mil vilarejos no país, de alguma forma sofreram ou ainda sofrerão problemas de saúde como conseqüência da explosão. Surgiram as cidades fantasmas, inabitáveis, por causa da radiação residual, como Pripyat. Acessá-las, somente, com a expressa autorização do governo. Outro aspecto, a região afetada era uma das mais férteis da ex-União Soviética.
O Brasil, também possui usinas nucleares, exatamente em uma das mais belas regiões, em Angra dos Reis (RJ). Fica o alerta, pois as conseqüências de quaisquer falhas nas mesmas, serão irreversíveis.
Não existem fontes de energia inocentes, cada uma tem a sua peculiaridade, seu preço e suas conseqüências. Entretanto, a energia nuclear requer um estatuto político que possibilite a geração sem riscos para a humanidade.
Patrick Moore, cientista e fundador do Greenpeace, em recente artigo publicado (Jornal Estado de S.Paulo, 23/04/06) sugere, otimista, que a energia nuclear pode ser a melhor opção de fonte de energia. Atesta os avanços tecnológicos para a sua geração e analisa os mitos e problemas reais, como o custo financeiro, o lixo nuclear, entre outros.
A produção de energia e suas fontes, tornaram-se a cada ano, um dilema e desafio para a humanidade. Uma coisa é certa, a geração de energia nuclear não admite falhas!