"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

02 maio, 2006

Chernobyl, 20 anos

Por Eduardo Macedo de Oliveira

No dia 26 de abril de 1986, durante a primavera russa, ocorreu o maior desastre nuclear da História, na Usina de Chernobyl, localizada a menos de 100 quilômetros de Kiev, capital da ex-república soviética Ucrânia (hoje, um país independente).
A explosão do seu reator número 4, espalhou uma poeira radiativa, afetando a população, o ambiente e demais seres vivos, não somente da Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia, mas atingindo também certas regiões européias. As conseqüências e gravidade deste desastre são imensuráveis e estão longe do fim. O desafio de voltar dar vida no local levará décadas e custará bilhões de dólares.
Uma série de falhas antes, durante e depois do desastre, possibilitaram não somente a ocorrência do mesmo, mas potencializaram os efeitos nocivos da radiação, principalmente da população residente próxima à usina. Alguns dias depois do acidente, o governo russo assegurava que não havia risco, comprovando como foram desastrosas as medidas políticas para lidar com a catástrofe.
Após a evacuação tardia da população afetada, num raio de 30 quilômetros do epicentro, os efeitos da radiação já tinham sido estabelecidos em milhares de habitantes. Os militares e operários que atuaram na usina, após o acidente, para contenção do incêndio e a construção da blindagem do reator, morreram ou adquiriram doenças graves. Chernobyl expulsou de suas proximidades cerca de 200 mil habitantes que até 1986 residiam no local.
Um recente estudo do Ministério da Saúde da Ucrânia, anunciou que 2,3 milhões de pessoas em 8 cidades e espalhadas por 2,1 mil vilarejos no país, de alguma forma sofreram ou ainda sofrerão problemas de saúde como conseqüência da explosão. Surgiram as cidades fantasmas, inabitáveis, por causa da radiação residual, como Pripyat. Acessá-las, somente, com a expressa autorização do governo. Outro aspecto, a região afetada era uma das mais férteis da ex-União Soviética.
O Brasil, também possui usinas nucleares, exatamente em uma das mais belas regiões, em Angra dos Reis (RJ). Fica o alerta, pois as conseqüências de quaisquer falhas nas mesmas, serão irreversíveis.
Não existem fontes de energia inocentes, cada uma tem a sua peculiaridade, seu preço e suas conseqüências. Entretanto, a energia nuclear requer um estatuto político que possibilite a geração sem riscos para a humanidade.
Patrick Moore, cientista e fundador do Greenpeace, em recente artigo publicado (Jornal Estado de S.Paulo, 23/04/06) sugere, otimista, que a energia nuclear pode ser a melhor opção de fonte de energia. Atesta os avanços tecnológicos para a sua geração e analisa os mitos e problemas reais, como o custo financeiro, o lixo nuclear, entre outros.
A produção de energia e suas fontes, tornaram-se a cada ano, um dilema e desafio para a humanidade. Uma coisa é certa, a geração de energia nuclear não admite falhas!