"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

23 março, 2006

Ensino Superior

Por Eduardo Macedo de Oliveira

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira (INEP), órgão do governo federal, em seu informativo de 06 de março de 2006 (Ano 4, nº 130), divulgou dados sobre o acesso dos alunos do ensino médio ao ensino superior. Baseado em dados do Censo Escolar, 87,9% dos alunos matriculados no ensino médio brasileiro pertencem as escolas públicas.
Todavia, com base nos dados socioeconômicos dos participantes do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), somente 46,8% do total de matrículas nas instituições de ensino superior (IES) já avaliadas, são representadas por alunos oriundos das escolas públicas, ou seja, uma parcela significativa de alunos do ensino médio público não têm conseguido ingressar no ensino superior.
Dos alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas privadas, 33% estão matriculados em IES privadas e 51,7% nas públicas. Este dado chama a atenção, pois as matrículas em escolas de ensino médio privadas representam apenas 12,1% do universo de estudantes. Nas IES´s federais, ocupam 42,5% das vagas.
Na América do Sul, vários países têm taxas de acesso de jovens de 18 a 24 anos ao ensino superior, melhores que o Brasil. Ingressar nas IES´s públicas, exige uma boa preparação e, as escolas privadas de ensino médio, na sua maioria, passaram a proporcionar uma melhor qualidade de ensino, em detrimento do sucateamento observado nas escolas públicas (ver ranking do Enem: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18440.shtml em cidades com mais de 200 mil habitantes).
Existem outras questões envolvidas. O ingresso precoce no mercado de trabalho, o nível socioeconômico e a evasão, justificam, relativamente, o reduzido acesso dos alunos das escolas públicas no ensino superior.
Recentemente, surgiram as políticas de ações afirmativas. A criação de cotas raciais e para alunos oriundos da escola pública, por exemplo, foram implementadas em algumas IES´s públicas (UERJ, UnB, entre outras). Através destas ações, o Estado passa a combater as conseqüências de sua incapacidade de oferecimento de um ensino de qualidade, entendida aqui, como acesso, permanência e progressão dos educandos nas escolas públicas.
O horizonte de acesso ao ensino superior não pode ser o único norte dos nossos jovens. Urge a criação de alternativas para os mesmos, como cursos profissionalizantes, tecnológicos e programas de empreendorismo, entre outros.

Publicado no Jornal Correio, p.A2, 23/03/06