"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

28 fevereiro, 2008

Juventude Abandonada

Por Eduardo Macedo de Oliveira

Matéria publicada no jornal “O Tempo” (16/02/08, p.B1) intitulada “Jovem urbano é maior parte em prisão” relatou dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDESE) revelando que a maior parte dos detentos sob custódia do sistema prisional tem entre 18 a 24 anos, somando 7.675 pessoas, o que representa 33,25% do total de 23.081 presos. Os condenados de origem nos centros urbanos totalizam 19.577 (84,81%). Segundo Genilson Zeferino, subsecretário de Estado de administração Penitenciária, a mudança no perfil dos presos ocorreu a partir de meados da década de 80 em razão do aumento significativo do tráfico de drogas. Até aquela década, os detentos tinham em média 29 anos e moravam, em geral, na zona rural, e os delitos eram relativos a crimes contra o patrimônio (roubos e furtos) e contra a vida (homicídios e tentativas). O levantamento da SEDESE revela ainda que mais da metade dos detentos tem baixo grau de escolaridade. Apenas 4,7% dos detentos concluíram o ensino médio. Concluindo, o perfil aponta jovens oriundos de áreas periféricas das nossas cidades, com baixa escolaridade e renda, grupo populacional que sempre esteve à margem das políticas públicas.
A falta de perspectivas para a sua qualificação e participação na sociedade brasileira, resulta no aliciamento do tráfico de drogas tornando nossos jovens reféns do crime. Além disso, depois de tornarem-se detentos, é fato que o sistema prisional brasileiro não recupera ninguém, pelo contrário.
Outra matéria publicada no jornal Estado de S.Paulo (28/0207) intitulada “Metade dos sem emprego é jovem” revelou que o número de desempregados de 15 a 24 anos duplicou em 10 anos. A variação da taxa de desocupação para jovens chegou a 70,2%, enquanto no restante da população a 44,2%. Os dados foram levantados pelo Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho, da Universidade de Campinas (UNICAMP) e seu autor, o economista Márcio Pochmann afirma que “a situação do jovem no mercado de trabalho se agravou nos últimos anos, apesar dos esforços do governo para melhorar as condições de ingresso no primeiro emprego [...] a cada 100 jovens que entraram nesse mercado no período de referência, somente 45 encontraram algum tipo de ocupação, enquanto 55 ficaram desempregados [...]” (idem). O emprego juvenil por setor, de 1995 a 2005, concentrou-se no comércio (59,2%), seguido pelo serviço (32,7%) e Indústria (15,5%).
Sem dúvida, uma tragédia anunciada, mas pelo visto, sem perspectivas ou sinais de enfrentamento. Talvez, os cartões corporativos sejam mais importantes e imprescindíveis!
E os nossos jovens o que têm a dizer? Recomendo a leitura do resumo da pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e Instituto Pólis intitulada “Juventude e Integração Sul-Americana”, bastando acessar o link: http://www.ibase.br/userimages/Pesquisa_Juventude_fev08-Resumo.doc .