"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

17 fevereiro, 2008

Trabalho Escravo

Por Eduardo Macedo de Oliveira

Em pleno século XXI, o trabalho escravo permanece presente, em especial e mais intensamente, nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A Lei Áurea foi assinada em 13 de maio de 1888, declarando-se o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra. Contudo, persistiram situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões. Há fazendeiros que, para realizar derrubada de matas nativas para formação de pastos, produzirem carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes ou para corte em canaviais, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão-de-obra utilizando os contratadores de empreitada, os chamados "gatos". Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime.
Matéria publicada no jornal “Folha de S.Paulo” (p.B4, 17/02/08) intitulada “Cana concentra trabalho degradante”, denunciou que no ano passado, mais da metade da libertação de pessoas em condições semelhantes à escravidão ocorreu em usinas de cana-de-açúcar. Naquele ano, o presidente Lula afirmara em seus discursos que os usineiros eram “heróis mundiais” [?]. Apesar desta pérola, em 2007, os grupos móveis do Ministério do Trabalho “resgataram em propriedades do setor sucroalcooleiro 3.117 pessoas em situação degradante – 53% do total (5.877). O restante foi resgatado em atividades como pecuária e carvoaria” (idem).
O total de indenizações aos libertados do setor sucroalcooleiro em 2007, foi de R$ 4,7 milhões. O aumento da produtividade por conta da pressão da onda dos biocombústiveis demonstra que as usinas sucroalcooleiras desconhecem limites. Em 2007, em Brasilândia (MS), 1.011 indígenas foram encontrados em condições precárias na Unidade da Companhia Brasileira do Açúcar e Álcool (CBAA).
O que chama atenção, é que nas eleições de 2006, os deputados federais eleitos Elismar Fernandes Prado e Gilmar Alves Machado (ambos do PT), João Bittar Júnior (ex-PFL) receberam da Usina Coruripe Açúcar e Álcool S/A respectivamente, R$ 53.0000,00, R$ 80.000,00 e R$ 50.000,00. O deputado estadual Wellington Fernandes Prado (PT) recebeu R$ 27.000,00 (fonte: http://www.asclaras.org.br/2006/index.php]. Ocorre que esta usina foi citada na matéria, quando em Iturama (MG) foram libertados da mesma 374 trabalhadores pelo Ministério do Trabalho no período entre 13/08 a 01/09.De um lado, a barbárie, de outro, a promiscua relação entre os políticos e seus “mecenas”. Ficam evidentes as duas faces perversas do capital: a exploração dos trabalhadores e a cooptação dos agentes políticos. Alguém pode me explicar: qual o interesse da Coruripe ao financiar os candidatos em nosso Estado aos cargos dos poderes legislativo estadual e federal? Outra pergunta: nossos candidatos eleitos são independentes para a defesa do interesse público? Assim caminha a humanidade. Dinheiro, poder, política formam um “joint-venture” onde o ser humano é apenas um detalhe!