"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

10 janeiro, 2008

Cinema, conforto e acessibilidade

Por Eduardo Macedo de Oliveira

Sétima arte, expressão utilizada para designar o cinema, foi criada em 1912 pelo italiano Ricciotto Canuto. “Os dois primeiros cinemas do mundo foram abertos nos Estados Unidos. Em outubro de 1895 era inaugurado o Atlanta, em Atlanta, na Geórgia. E em abril de 1902, Los Angeles inaugurou o Electric Theatre.” (fonte: http://www.webcine.com.br/curiosid.htm). Sem dúvida, a partir daí tornou-se parte indelével da Humanidade, uma arte que desconheceu fronteiras, culturas ou idiomas. É certo que poderia estar mais acessível a todos, e não somente para aqueles que possam pagar para freqüentá-lo.
Em Uberlândia, tenho saudades do Cine Avenida, Cine Uberlândia, Cine Regente, entre outros. Não é saudosismo. Explico. No passado, parece que os projetistas ou arquitetos, tinham mais sabedoria. Lembram-se deles? Para acessá-los não existiam escadas, degraus ou dispositivo similar. Eram amplos e contavam com ambientes agradáveis. E o lanterninha? Salvava sempre aqueles atrasados, possibilitando aos mesmos a tranqüilidade e a segurança necessária.
Atualmente, num shopping da cidade, temos várias salas, com som e imagem de qualidade, mas em minha opinião deixam muito a desejar, senão vejamos. Em relação ao conforto. O espaço entre as poltronas é insuficiente. Se alguém tem que acessar as poltronas do meio, aqueles usuários sentados próximo às escadas têm que fazer um verdadeiro exercício de contorcionismo. Além disso, o usuário não precisa ter uma estatura considerável para sentir-se como tivesse num “gordini” (carro antigo). A ergonomia das poltronas inexiste. Notem a postura dos usuários durante uma sessão (em especial, as crianças). Sim, a coluna vertebral é compensada pelas pipocas e refrigerantes (estes e os ingressos precisam ser tão caros!).
Outro aspecto. O acesso. Um idoso, um portador de deficiência ou mesmo um desatento usuário corre um risco imenso, visto o ângulo de subida (ou descida) dos degraus e a largura e comprimento dos mesmos.
Será que as pessoas antigamente tinham mais sabedoria? É certo! Considero inadmissível a forma como essas salas de cinema foram projetadas. Confesso que, apesar do desejo incessante de assistir os inéditos e imperdíveis filmes, nutro uma espécie de frustração e rejeição em freqüentar as mesmas. Utilizo, sempre que possível, a opção das videolocadoras.
Para um bom cinema, não basta qualidade na imagem e no som. Vai muito além! E em Uberlândia, lamentavelmente, se persistir as condições atuais, ocorrerá aquilo que aconteceu com as nossas livrarias: a extinção ou regressão dos mesmos. Para mantê-lo, é preciso público. Contudo, o que está ocorrendo, salvo melhor juízo, é o distanciamento crescente dos usuários, que encontram alternativas para assistirem os excepcionais e inesquecíveis filmes.
Espero que nossa cidade possa contar com uma nova opção aos amantes da sétima arte, com conforto e sem problemas de acessibilidade.

Publicado no Jornal Correio, p.A2, 10/01/2008