"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

25 fevereiro, 2007

A política da corrupção

Por Eduardo Macedo de Oliveira

A corrupção pode ser considerada como uma das práticas mais perversas da humanidade. Etimologicamente, originada do latim “corruptione” (segundo o Aurélio) significa o ato ou efeito de corromper, uma decomposição, uma putrefação. Em termos figurativos, devassidão, depravação, perversão, suborno.
Existente em qualquer país do mundo e ao longo da história escorou-se ou teve associada, em especial, nas entranhas do poder público. Alimenta-se, potencializa-se, nutre-se essencialmente através de uma insuportável simbiose com as vias subterrâneas e frágeis dos estados nacionais.
No Brasil, obviamente, não é diferente. Ou pior, mais intensa, principalmente, entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Apesar de todos os mecanismos e códigos para impedi-la, o Estado brasileiro revela uma fragilidade e vulnerabilidade surpreendentes.
Desde a definição dos orçamentos dos entes federativos até nas relações sociais mais banais, interesses e negociatas impregnam os corredores dos poderes instituídos.
Orçamentos e licitações públicas, alvos preferidos dos insaciáveis agentes corruptores, revelam as senhas e brechas para o enriquecimento ilícito ou para a oxigenação dos fundos eleitorais, por exemplo. A corrupção, neste sentido, é potencialmente democrática, todos sem exceção, em menor ou maior grau, são cooptados pela sanha do sistema corrosivo, seja da direita ou esquerda.
Poder, ambição, negociatas e interesses nutrem esta prática sutil, que na maior parte das vezes não deixa rastros, indícios ou suspeitas. Invisível, seus efeitos e conseqüências, infelizmente, são evidentes e afetam aqueles que mais necessitam de um estado justo e eqüitativo. Políticas públicas para a saúde e educação, por exemplo, sofrem quando orçamentos são esvaziados pelos superfaturamentos e loteamentos de obras ou tornam-se insuficientes para uma oferta de qualidade para a população. Uma sangria interminável.
Recentemente, segundo uma pesquisa da organização Transparência Brasil (http://www.transparencia.org.br/index.html acessado em 25/02/07): “As ofertas de compra de votos atingiram níveis alarmantes nas eleições de 2006. Mais de 8,3 milhões de eleitores foram instados a vender seu voto. Esse contingente de eleitores é maior do que a soma de todos os votos depositados nos estados de Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Amazonas. Só em três estados (RJ, MG e SP) o número de votantes foi maior do que isso.”. No meio político, a corrupção tornou-se além de uma prática, um lugar-comum, uma necessidade, uma condição sem a qual é impossível exercer republicanamente e decentemente a própria política. Lamentável!
Para finalizar, destaco os meios de comunicação que têm substituído o Estado, nas denúncias e revelações sobre esta prática no país. O que seria de nós sem os mesmos.