"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

17 janeiro, 2007

Pensamento Único

Por Eduardo Macedo de Oliveira

Matéria publicada no jornal Estado de S.Paulo (p. A14, 11/01/07) mostrou as conclusões do relatório “Estado do Mundo 2007: Nosso futuro urbano”. Elaborado pelo Instituto Worldwatch, sediado em Washington (EUA). Entre elas, demonstra que as cidades ocupam apenas 0,4% da superfície do planeta. Contudo, são responsáveis pela emissão direta e indireta de 75% dos gases do efeito estufa. Em 2008, pela primeira vez, mais pessoas viverão em zonas urbanas do que rurais.
Para Jaime Lerner (ex-governador do Paraná) que escreveu o prefácio do relatório, “é preciso entender que sustentabilidade é a equação entre o que se poupa e o que se desperdiça” (idem). Com efeito, a crescente urbanização do planeta demandará modelos sustentáveis, com o uso de novos materiais, economia de estrutura e redistribuição de espaços para compensar o desequilíbrio no consumo dos recursos naturais, que ocorrem num ritmo difícil de ser compensado pelo ciclo natural.
Em relação à emissão dos gases-estufa, temos 850 milhões de carros rodando pelo mundo. A maioria movida por combustíveis que emitem gás carbônico. Assim sendo, teremos que investir no sistema viário urbano, leia-se transporte público, racionalizando nosso sistema de mobilidade.
Não é uma tarefa fácil. Nos EUA, a redução do preço do galão de gasolina de U$ 3 para U$ 2,50, provocou um aumento nas vendas de carros e picapes de grande porte e alta potência, altos consumidores de combustíveis. “A maioria do público americano não está muito preocupada com o meio ambiente” afirmou Rick Wagoner, presidente da General Motors Corporation (jornal Estado de S.Paulo, p. B12, 12/01/07).
Enquanto isto, segundo a ONU, o Brasil é penúltimo no crescimento entre emergentes, em ranking de 25 países (p. B1, idem). Temos que crescer, mas teremos a sabedoria necessária?
E a vida continua. Creio que o século XXI será decisivo para a humanidade. Temos o diagnóstico, mas falta-nos a competência necessária para a mudança de rumos, modelos e paradigmas.
Bingo! Se alguém tem dúvida sobre o que significa capitalismo, ouso uma resposta: um modelo que não permite outras alternativas, ou seja, engessa-nos inabalavelmente, naquilo que chamamos de pensamento único.