"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

27 novembro, 2006

Mecenas Eleitorais

Por Eduardo Macedo de Oliveira

As eleições de 2006 demonstram que o quesito financiamento permanecerá como uma questão a ser discutida e analisada com maior clareza e rigorosidade.
Ao acessar o sítio eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é possível informar-se sobre as contas das campanhas dos candidatos de todos os cargos eletivos e estados. Salienta-se que a oferta dessas informações constitui-se um avanço significativo no processo eleitoral do país. Mais demonstra inequivocadamente o poder das corporações econômicas.
Por exemplo, os candidatos uberlandenses eleitos para os mandatos de deputado estadual e federal, receberam dos seus “doadores”, conjuntamente, a quantia de R$ 2.323.376,16. Parte dela veio dos usineiros de álcool e açúcar, R$ 302.0000,00 (13%) e R$ 102.000,00 (6%) de um holding local. O governador e senador eleitos receberam, respectivamente, R$ 19.409.959,29 e R$ 2.517.054,79.
No Brasil, dois grandes bancos “doaram” a soma de R$ 6.425.420,38, e a lista é extensa, empreiteiras, construtoras, cooperativas de saúde, indústrias de alimentos, entre outras, demonstram a voracidade dos “mecenas” eleitorais.
Albert Einstein tinha dificuldades de compreender aquilo que era considerado óbvio, por isso, também, era considerado um gênio. Pergunta-se: apesar de estar legalmente amparado, qual a razão de uma pessoa jurídica “doar” recursos financeiros para um candidato, seja para um cargo no legislativo ou executivo?
Desculpem-me, caros eleitores, se para a maioria possa parecer um procedimento comum e inquestionável (senso comum), considero esta realidade condenável em todos os sentidos. Uma afronta a todos os princípios democráticos.
Ao ser eleito, qual será o compromisso do candidato: com os “mecenas” eleitorais ou com seus eleitores? É possível eleger-se sem a “doação” dos “mecenas”?
Temos a transparência nas contas das campanhas eleitorais, contudo faltam-nos a grandeza e a dignidade para construção de um processo eleitoral isento das “garras” do poder econômico.