"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

25 agosto, 2005

Lugar de criança é no orçamento público

Dizer que o lugar de criança é na escola ou em casa é incorrer em um erro simples: o de não garantir os indivisíveis e interdependentes direitos dessa população. "O lugar de criança e do adolescente é o orçamento público. É impensável que o acesso à cultura, à educação, ao lazer e ao esporte estejam dependentes de cortes ministeriais", argumentou Fernando Silva, presidente do Conanda, no primeiro dia de atividades da Consulta Nacional.
Pela lógica de Silva, não adianta universalizar o acesso à escola, deixando de lado direitos elementares estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. "A Consulta está para antever os aspectos orçamentários de políticas públicas em prol dos direitos humanos".
E pelas estatísticas, há muitos investimentos a serem feitos. Segundo a senadora Patrícia Saboya (sem partido-CE), conhecida por seu trabalho no combate das rotas de exploração sexual nas estradas brasileiras, a cada dia 16 adolescentes morrem violentamente por todo o Brasil. "É uma chaga que envergonha o país. E por mais que parlamentares digam em seus discursos que a criança é o futuro do país, poucos realmente fazem alguma coisa em seus Estados", critica.
A opinião vem do trabalho como coordenadora da Frente Parlamentar pelos Direitos da Criança e Adolescente, no qual investiga mais de 200 roteiros de prostituição infantil pelo país. "Existem a cada dia novas alianças da sociedade civil sendo firmadas, basta que cada senador e deputado se articule com essas lideranças, muitas delas sem nome ou rosto", acredita Saboya.
Nesse panorama, o discurso de Paulo Sérgio Pinheiro, independent expert para o estudo mundial da violência contra a criança, pela organização das Nações Unidas (ONU), sintetiza a preocupação de Saboya e Silva. "Temos que mobilizar e responsabilizar nossos governantes. Nós damos uma vida mole aos parlamentares", enfatiza.
Segundo ele, os deputados e senadores brasileiros "defendem bobagens, como palmadas disciplinadoras". "Eles devem ser confrontados por sua estupidez. As crianças e adolescentes em todo o mundo dizem que não querem continuar apanhando, e a população precisa pressioná-los".

fonte: http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=e9e7f92b0af4701001722456a87b48cd