"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

16 janeiro, 2009

Arquitetura Distante

Por Eduardo Macedo de Oliveira

No dia 15 de janeiro foram divulgados os resultados do Censo 2008. Destaque para o aumento significativo de vagas nas creches e educação profissional em nível de ensino médio. Contudo prevaleceu a estabilização no número total de alunos da educação básica em relação aos anos anteriores. Sem dúvida, nosso país tem uma grande chance na área educacional, pois diante desta estabilização teremos mais recursos para investimento e melhoria da qualidade educacional.
Um dos itens, tradicionalmente ignorado e subestimado, refere-se à arquitetura educacional, ou seja, os projetos visando novas escolas carecem de uma atenção cuidadosa e de especialistas para tal. Constroem escolas através de conceitos ultrapassados e conservadores. Lembro-me, porém, que em 1971 tive a oportunidade de estudar em uma escola verdadeiramente revolucionária, em todos os aspectos. Era ali, no bairro Presidente Roosevelt, e chamava-se Escola Estadual “Guiomar de Freitas Costa”, conhecida carinhosamente como escola polivalente. Entre as suas virtudes, chamava a atenção a sua arquitetura, onde espaços foram pensados para atender plenamente os seus objetivos: educar!
Pausa. Com um investimento de R$ 38 milhões, em breve será inaugurado o Hospital Municipal. Um destaque desta obra é justamente o seu projeto e conceitos arquitetônicos. Um profissional de notório saber e especializado em hospitais, Domingos Fiorentini (arquiteto e médico), foi convidado pelo Poder Executivo. E o resultado não poderia ser diferente: teremos um hospital moderno, ecologicamente correto, “100% verde”, com preocupações relacionadas com as condições climáticas locais, orientação solar, radiação, temperatura do ar e umidade relativa. Também “o hospital, projetado com três eixos, permitirá a circulação pública sem obstáculos, mas sempre terminando em sala de espera ou secretaria, o que aumenta a segurança e a humanização. O segundo, industrial, para o transporte da comida, roupa, lixo e até cadáveres. O terceiro, interno, para circulação de médicos, pacientes acamados e conduzidos, e funcionários. Os departamentos que têm interação estarão justapostos ligados a menor distância. Isso ratifica seus princípios básicos – centralização, concentração, compactação, de modo a aperfeiçoar os recursos humanos e materiais, agrupando diversas funções no mesmo local (secretaria, recepção, informações, admissão, portaria, protocolo, segurança, informações e controle de acesso, por exemplo) e reduzindo os espaços entre as partes que compõem uma atividade.” (http://www.iof.mg.gov.br/index.asp , acessado em 31/12/2008).
Prossegue. Pois bem, as nossas escolas não poderiam contar com a mesma atenção e cuidado. Ao projetá-las não seria conveniente a contratação de um profissional especializado para que pudéssemos proporcionar aos nossos educandos uma instalação física com espaços, conceitos e soluções inovadores, funcionais e criativos. Em 1999, o projeto do Centro de Excelência da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Empresarial (FADE) ligada à ACIUB foi elaborado pelo arquiteto Sebastião de Oliveira Lopes (http://www.sebastiaolopes.com.br/ ), profissional especialista na área educacional. Mirem-se no exemplo. Projetar uma escola é sim, tão complexo como construir um hospital.