"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

05 agosto, 2005

Adolescente sedentário pode se tornar adulto obeso

Por Karina Costa

A reduzida ou precária prática de atividades físicas somadas a hábitos alimentares inadequados têm aumentado o índice de obesidade infantil, em São Paulo. Pesquisa realizada com estudantes com idades entre 10 e 15 anos revela que 81% dos alunos provenientes de escolas particulares e 65 % dos alunos de escolas públicas são sedentários. Os dados são da pesquisa "Diagnóstico precoce da obesidade e hábitos alimentares em escolares de 10 a 15 anos na cidade de São Paulo", realizada por especialistas da Unifesp e da Universidade São Marcos junto a International Life Sciences Institute (ILSI).
A pesquisa realizada com 8.020 jovens mostra que 15% dos adolescentes estão acima do peso e que outros 10% já são casos certos de obesidade. "Esse quadro revela a responsabilidade que toda a sociedade tem que assumir com os adolescentes. Quando uma criança chega na adolescência obesa suas chances de ser um adulto obeso são de 80%," diz o especialista em obesidade infantil e coordenador da pesquisa, Mauro Fisberg.
Vários fatores contribuem para a obesidade dos adolescentes. Na escola, os lanches - principalmente as frituras - oferecidos pelas cantinas são riscos certos. Mas, ao contrário do previsto, muitas vezes os lanches inadequadamente consumidos pelos adolescentes são trazidos de casa. "Isso mostra que os maus hábitos alimentares também vêem de casa. A família deve educar a criança para que ela desenvolva hábitos mais saudáveis de vida," completa Fisberg. Outro fator observado no grupo estudado destaca a falta do café da manhã e a freqüente substituição do jantar por um lanche. "Além da obesidade, não tomar o café da manhã ou fazê-lo de forma inadequada causam a queda na performance escolar".
O estudo destaca que o sedentarismo é uma das principais causas da obesidade. Especialistas em saúde indicam que pelo menos 30 minutos do dia devem ser dedicados à prática de exercícios físicos. Mas, não é bem isso que vem acontecendo. "As escolas podem ajudar no combate ao sedentarismo com suas aulas de educação física previstas em currículo porém, quando acontecem, estas são de forma precária," aponta o especialista. "Além disso, as atividades de lazer se modificaram. Os jogos eletrônicos e a televisão prevalecem e fazem com que a qualidade de vida diminua"
O especialista deixa claro as indicações de alimentação saudável e incentivo à prática de atividades físicas. "Praticar 30 minutos de atividades, que de fato sejam eficazes, é o mínimo a ser feito. Quanto à alimentação, cereais, frutas e leite pela manhã são indicados. Mas, para quem não tem renda suficiente para manter este tipo de alimentação para os adolescentes, deve saber que o pão, um alimento barato mas pouco consumido, é uma fonte saudável de alimento," diz.
O especialista aponta que medidas preventivas e educativas devem ser tomadas no longo prazo para que haja queda do índice de obesidade. Segundo ele, em casa, os hábitos alimentares corretos e as atividades físicas devem ser estimulados pelos pais. As escolas devem exercer seu papel educacional dando atenção à nutrição e a atividade física. Já o governo pode contribuir investindo recursos em políticas de incentivo à prática de atividades físicas, além de fiscalizar se as aulas destinadas às atividades físicas estão sendo cumpridas nas escolas. "Temos que ter consciência de que a obesidade pode desencadear em outros problemas de saúde como hipertensão e alteração de colesterol, por exemplo," adverte.

fonte: http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=7db0ffdd0af4701001722456ef2dc372
acesso em 05/08/2005