"Uma vida não é nada. Com coragem pode ser muito" Charles Chaplin

15 julho, 2005

Urbanos e caóticos

Publicado no jornal Correio, p.A2, 14/07/2005:

Urbanos e caóticos

No Brasil, 80% de sua população está concentrada na zona urbana (5.562 municípios).
Talvez no futuro esta situação possa ser revertida, mas o quadro atual exige políticas consistentes e articuladas entre os entes federados (União, Estados e Municípios), pois a concentração urbana exige a disponibilidade de aparelhos sociais, econômicos, legais, políticos e ambientais para o atendimento das demandas e para garantia de sua sustentabilidade.
Os problemas de um município são proporcionais ao seu número de habitantes. A oferta de saneamento básico, educação, transporte, saúde, emprego, comércio, segurança e lazer exigem co- responsabilidades entre os governos federal, estadual e municipal, mas a conta maior fica para os municípios. Demandas e receitas não seguem os mesmos caminhos.
Os municípios encontram-se impotentes diante dos encargos crescentes e a escassez de recursos financeiros.
As iniciativas do passado, conseqüência de um significativo crescimento, não encontram terreno fértil nos dias atuais. Os arrochos fiscal, monetário e econômico, instalados, em especial, a partir dos anos 1990, sufocaram o País, punindo principalmente aqueles mais próximos dos problemas, os municípios.
A política nacional cedeu lugar ao imediatismo rasteiro, às políticas focalizadas em detrimento da universalização dos direitos sociais fundamentais, instalando-se a "política do possível".
Em síntese, com o pensamento único, tornou-se proibitivo pensar dignamente o Brasil.
Não se trata de duvidar de nossas potencialidades, mas estamos patinando em conseqüência de uma macropolítica covarde e injusta, que fere nossa soberania e equilíbrio. Uma política rentista que amplia a desigualdade e a concentração de renda.
Administrar os municípios tornou-se uma tarefa árdua, complexa e desafiadora.
Exige sensibilidade, coragem e disposição, capacidade de tomada de decisões socialmente referenciadas, competência administrativa, técnica e, principalmente, democrática, para relacionar-se com tudo e com todos.

Prof. Eduardo Macedo de Oliveira
Uberlândia (MG)